O avanço do mar tem preocupado moradores e empresários que vivem na praia do Açu, litoral de São João da Barra (SJB). Edificações estão comprometidas e o turismo local já sofre o reflexo da mudança no comportamento da maré, que está invadindo a costa. Esse ano, de acordo com a comunidade, a presença de turistas, comparada há outros anos, ficou abaixo da média. Desde 2013, o mar avançou 30 metros, de acordo com a Defesa Civil do município. Sem uma solução por parte do poder público, na última quarta-feira (4), os moradores improvisaram um bloqueio de pedras e móveis velhos para impedir a passagem de veículos.
Nesta sexta-feira (6), funcionários da Prefeitura de SJB, com o auxílio de um trator, trabalhavam na retirada de um tronco de árvore que teria sido arrastado durante o avanço da maré no dia anterior (5). Eles também estavam recuperando os paralelepípedos da Avenida Atlântica que também teriam sido levados pelo mar.
Em setembro do ano passado, pela primeira vez, o mar atingiu a Rua Principal da localidade e assustou moradores. Algumas casas, estabelecimentos comerciais e o Departamento de Polícia Ostensivo (DPO) foram tomados pela água. Na ocasião, a comunidade ficou dividida ao apontar os possíveis responsáveis: a construção do complexo do Porto do Açu ou o fenômeno da natureza.
Na época, em nota, o coordenador da Defesa Civil de SJB, Adriano Assis, declarou que “o ocorrido já era esperado pelo órgão, uma vez que o fato sempre acontece nesta época do ano”. No entanto, nesta sexta-feira (6), a situação na via pública era a mesma. A rua do DPO estava alagada. Segundo um policial militar que estava de plantão no posto, toda vez que a maré começa a encher, a via é tomada pela água do mar.
Principal avenida do Açu, a Atlântica teve parte do calçamento da pista à margem da praia destruída pelo mar. Uma centena de casas da região também correm o risco de serem atingidas pela maré a qualquer momento. Segundo o pescador, Antônio Luiz de Almeida, de 47 anos, a cada ressaca, os moradores ficam apreensivos, a pista fica ainda mais estreita e repleta de areia, pedras e troncos de árvores. “A partir das 16h, a preocupação fica ainda maior porque a maré começa a subir, as ondas começam a bater mais forte e o litoral vai ficando ainda mais comprometido”, ressaltou o pescador.
De acordo com o professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), Marcos Pedlowski, o processo de erosão na praia do Açu estava previsto no Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) produzido pela e mpresa OSX para a construção da chamada Unidade de Construção Naval (UCN), no Porto do Açu. “O que as autoridades municipais e estaduais estão esperando para iniciar um plano de contingência para minimizar os efeitos desse processo erosivo? Em breve, o fenômeno da Barra do Açu vai superar as imagens de destruição que estão ocorrendo em Atafona”, disse o professor.
Sempre respeitando o princípio do contraditório e buscando as diferentes versões para um mesmo fato, o jornal Terceira Via tentou contato com a assessoria de comunicação da prefeitura, sem obter respostas. Ainda assim, o jornal aguarda e publicará as versões para este fato.
Por: Patricia Barreto | Fonte: Terceira Via
0 Comentários